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Um criado de Chesterton escreve...

Um criado de Chesterton escreve...

PCP hoje

monge silésio, 01.12.12

 

(…)

...descreve uma parte do que ouviu a alguns novos militantes para explicarem a sua adesão.

Numa curta frase – «acredito que a política que o PC defende pode restituir sonhos» – um deles terá realçado, provavelmente sem de tal se aperceber, aquela que continua a ser a essência da capacidade de atração do partido: o lugar que este mantém, reforçado agora em contexto de crise económica, social e moral, como espaço partilhado de crença, capaz de projetar na vida de muitas pessoas uma dimensão de esperança.

(…)

No entanto, pouco parece importar, à generalidade dos entrevistados, o conceito de democracia que deve ser aplicado a esse futuro: parte-se do princípio de acordo com o qual esta em que vivemos é má, é «falsa», para alguns «burguesa», e outras experiências, com uma base histórica que julgam «ao serviço dos trabalhadores» – a da antiga União Soviética e dos Estados «do socialismo realmente existente», a da China, a de Cuba e, pasme-se, por vezes a da própria Coreia do Norte – estarão bem mais próximas daquela que pode ser a boa, a «verdadeira». Aquela pela qual vale a pena lutar.

Não será no entanto por isso que esta amálgama por vezes contraditória de referências e de convicções deva ser menosprezada.

Pelo contrário, ela comporta um potencial de combate pela justiça social que, pelo que representa de profundo anseio coletivo, precisa ser respeitado.

Independentemente dos falhanços históricos, ou mesmo da monstruosidade comprovada de algumas experiências, que alguns militantes teimam em não reconhecer, ou em preferirem «não saber», como acontece, por exemplo, com a forma como continuam a encarar, ou a negar, a perversão burocrática, o estalinismo e o próprio Gulag. A verdade é que no PCP, menos monolítico aliás do que pensam alguns, continua a ocorrer uma contradição profunda entre a base histórica e moral de luta pela liberdade e pela justiça social, e atitudes orgânicas, comportamentais e programáticas que de facto a contrariam.(…)

Assm,

1-O sectarismo:

Comprovado não só pela tentativa diária de férreo controlo político – os comunistas chamar-lhe-ão, «de direção» – dos movimentos sociais, das organizações sindicais e das instituições nos quais têm um lugar importante...

2-A incapacidade, que deve ser superada, de o PCP passar de partido de protesto e de resistência, do «contra», a partido com um projeto claro e detalhado de governabilidade, um partido do «por», capaz de apontar uma saída dinâmica e positiva para a gestão da coisa pública, partilhada com outras forças e politicamente credível, na qual a maioria dos cidadãos possa confiar sem medos...

 

 

 

Mais,

 

 

http://aterceiranoite.org/2012/12/01/pcp-esperanca-e-abertura/

Grey revisited...

monge silésio, 01.12.12

1.- Em itálico, palavras minhas

(…)

- Tenho aqui algumas perguntas, Mr. Grey.

Coloquei uma madeixa errante atrás da orelha.

- Foi o que assumi – disse ele, sem expressão. (…numa entrevista a pessoas ocupadas…)

Estava a fazer pouco de mim. Senti a cara a ficar quente e sentei-me melhor, endireitei os ombros na tentativa de parecer mais alta e mais intimidante (…uau, para?!!). Carreguei no botão do gravador e tentei assumir um ar profissional.

- É muito jovem e, no entanto, já construiu um império enorme. A que deve o seu sucesso?

Olhei para cima, para ele. Fez um sorriso grave, mas pareceu ligeiramente desiludido.

- Fazer negócios é lidar com pessoas, e eu sou muito bom a avaliar pessoas. Sei o que as estimula, o que as faz florescer e o que não faz, o que as inspira e como as incentivar. Emprego uma equipa excecional e recompenso-os bem.

Fez uma pausa e fixou-me com aquele olhar cor de cinza.

- É minha convicção que, para se ter sucesso...(...)

(sete linhas (!!)banalidades como trabalho muito e tal, tomo decisões baseadas na lógica e nos factos. Tenho um instint…se tivesses decidido opinar, avaliar e comentar o mundo era “difícil”, assim como difícil decidir nessas premissas…até ouço aqui uma mosca que me incomoda, tamanha atenção isto me dá, lógica é algo muito preciso no mundo de hoje...obviamente os factos, mas estes demoram muito por ser preciso...saber)

-Talvez seja apenas uma questão de sorte.

Aquilo não estava na lista de Kate; mas ele era tão arrogante. Os olhos dele incendiaram-se momentaneamente de surpresa.

- Não me guio pela sorte nem pelo destino, Miss Steele. Quanto mais trabalho, mais a minha sorte parece aumentar. (…mais banalidade pessoas certas energias citação de um Harvey Firestone e o empregado entrega-me tremoços, adivinhando o meu estado de saúde mental)

- Parece um maníaco do controlo.

As palavras saíram-me pela boca antes de eu conseguir detê-las. (menina pechisbeque a “conversar” com o multimilionário…)

- Oh, exerço controlo sobre todas as coisas, Miss Steele – respondeu, sem o mínimo vestígio de humor no sorriso. (obviamente a menina entrevistadora pensa que as coisas aparecem às terças ou sextas à hora de jantar)

(…)

-Emprego mais de quarenta mil pessoas, Miss Steele. Isso confere-me um certo sentido de responsabilidade; poder, se desejar. Se eu resolvesse decidir que já não estava interessado no negócio das telecomunicações, e vendesse, passado um mês ou pouco mais, vinte mil pessoas ver-se-iam em apuros para pagar o empréstimo das suas casas.

A minha boca abriu-se. Fiquei desconcertada com aquela falta de humildade.

- Não tem de responder perante nenhum conselho de administração? – perguntei, indignada. (o catraio do bairro de Lomé espantar-se-ia era com a capacidade da entrevistadora)

- A companhia pertence-me. Não tenho de responder perante conselho nenhum.(…não existe, …repetir não existe conselho, …)

Mostrou-me uma sobrancelha erguida. Pois claro, era algo que eu saberia se tivesse pesquisado alguma coisa. Fogo, o homem era mesmo arrogante. Mudei de rumo.

…”

 

O entrevistado é um tipo rico.

A entrevistadora, confessadamente incapaz no discurso, e incapaz de imparcialidade opinativa, modela-o ao seu vazio. Acaso o tipo dissesse,  “aprendi muito com todos; ali, o Johnny que me entrega o Daily, ensinou-me a cumprimentar em húngaro para me dirigir a Frida, e a Frida, minha secretária, ajuda-me a decidir em momentos de grande pressão…bla bla”,  seria humildade no juízo sempre presente da entrevistadora? Ou, para o espectador desinteressado, pura e simplesmente mentira. Pois, no discurso moderno a mentira é fundamental. Dar mentiras, a torto e a direito. Caso contrário, leva-se com o “arrogante” ou o mal-educado…É arrogante dizer o que se deve fazer ou o que se tem…É arrgante dizer o que existe.

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